13 fev Viagem poética pelo cinema
No poemário Vestígios da sétima arte (Cartonera Aberta, 2018), Jorge Amorim reúne poemas que remetem a clássicos do cinema e formam uma verdadeira coletânea de memórias afetivas de um cinéfilo. Nesta entrevista, o autor fala um pouco mais sobre o processo de criação, sua formação como amante do cinema e sobre o livro, disponível para download gratuito no site da Mariposa Cartonera
Mariposa Cartonera —Seu livro de poemas Vestígios da sétima arte traz 36 poemas que dialogam metalinguisticamente com filmes famosos. Como surgiu a ideia do livro?
Jorge Amorim — Sou um cineasta frustrado. Meu interesse por cinema antecede em uma década o interesse por poesia. Ela é forma que encontrei para minorar a frustração (a de não ser diretor de cinema), e a temática de meus versos sempre esteve relacionada a filmes e filmes. Era natural, portanto, que um dia eu agrupasse esses escritos em um só volume, ainda que singelo.
MC — Como é seu processo de escrita?
JA — O primeiro verso costuma surgir de uma frase que se destaca no diálogo ou no monólogo de alguma personagem, ou mesmo na letra de alguma música incluída na trilha sonora. O momento tanto pode ser durante a própria exibição ou num exercício da memória.
MC — A “cinegrafia” usada como referência para os poemas é muito eclética — de Buñuel, passando por Kubrick, Kurossawa e indo até Kleber Mendonça Filho. Que filmes não entraram na lista e por quê?
JA — Nem todos os filmes relacionados no livro estão entre os meus preferidos. Eu gostaria muito de incluir: 2001: Uma Odisseia no Espaço; Cidade de Deus; Ensaio Sobre a Cegueira etc. Mas em se tratando de poesia, a vontade fica em segundo plano (apesar de João Cabral pensar o contrário).
MC — E na poesia, quais são suas referências?
JA — Mário de Andrade é a primeira influência e continua sendo a principal, embora ele não seja tido como integrante do primeiro time. Há cinco anos degusto a leitura de uma antologia poética de Anna Akhmátova — pena não conhecer o idioma russo para ler essa “pérola branca” no original.
MC —Na introdução do livro você fala que sua experiência como cinéfilo começou nos cinemas de bairro do Recife, como o Albatroz, em Casa Amarela. Pode falar um pouco sobre isso?
JA — Não posso falar de cinema sem falar do bairro de Casa Amarela e vice-versa. Tudo começou aos seis anos de idade, o filme foi “O Príncipe Valente” (o mesmo da excelente revista de HQ), e durante a exibição meu pai riu muito porque eu acreditava que o príncipe era uma princesa (a indumentária e a cabeleira explicam). No mês passado tive a grande decepção de passar em frente ao prédio do Cinema Albatroz. Não é exagero de velho, mas é duro aceitar o novo visual daquela casa, ainda que aqueles que hoje a frequentam digam que o diabo morava nela.
MC — O livro foi publicado no formato cartonero. O que te atrai nessa proposta?
JA — Durante uma feira de livros no nosso Centro de Convenções visitei um estande da Mariposa Cartonera. Também li sobre a Editora em um jornal pernambucano. Ao concluir o original dos “Vestígios…” não tive dúvidas, ele pedia uma publicação diferente, e pensando em algo diferente a resposta chegou de forma imediata.
MC — Vestígios da sétima arte agora está disponível para download gratuito (acesse o link aqui). Você acha importante esse tipo de difusão?
JA — Há uma década cultivo a ideia de expor meus escritos para leitura gratuitamente, imitando o que já fora feito na internet por muitos autores de música, ao permitirem acesso gratuito as suas composições. Acredito que o meu livrinho será melhor recebido pelo público da Mariposa Cartonera. E, antecipadamente, agradeço.
Faça download agora do livro gratuitamente pelo site
No Comments